domingo, 22 de maio de 2011

Joe, o Bárbaro

Então, repito tudo aquilo que tenho dizendo sempre, tenho pouco tempo e blá, blá, blá. Mais encontrei uma folga entre  trabalhar como um cão e dormir como um cadáver, pra ler esse gibizinho aí...

Joe, o Bárbaro, é uma mini em oito edições, do nosso careca favorito, Grant Morrison. E desenhada por esse cara chamado Sean Murphy, que não lembro de ter visto antes.


Como todo pivete nerd, Joe é um fracassado que se recolhe atrás de suas fantasias; action figures, video games e gibis. Sem amigos, com o pai morto em alguma guerra no deserto e  com ameaça de perder a casa em que mora com a mãe. Sim,fodido e mal pago.

MAS, eis que um belo dia numa alucinação causada por sua hipoglicemia (é, além de tudo, o coitado ainda é doente), Joe vai parar em um mundo onde seus heróis vivem, onde existem ratos guerreiros do tamanho de seres humanos, montanhas voadoras, ursinhos de pelúcia falantes e anões piratas.

Ainda assim, tudo está uma grande merda por lá, desde que "Morte, o Pretendente" surgiu com seu exército de mortos-vivos, uma ameaça invencível até pro Batman, LOBO,ou os GI JOE (sim, eles estão, lá). Felizmente, uma profecia antiga (sempre elas) mostra que Joe é "O Garoto Morrer", o único que tem o poder de amedrontar Morte e salvar o dia.

Se é real, apenas uma alucinação, ou um pouco dos dois, não importa muito. A jornada que leva até a batalha final, no mundo fantástico, é a mesma que leva até ao açúcar, no mundo real. Quem leu "O Talismã", (livro do Stephen King com o Peter Straub) vai notar algumas semelhanças, também, já que nos dois casos, tudo que acontece no mundo fantástico, tem um ato correspondente no mundo real.



Enfim, o plot da história me lembra uma versão moderna de "História Sem Fim", com um pouco dos  clichês dessas "jornadas contra o senhor do mal" mais clássicas, tipo O Senhor dos Anéis e Star Wars. Tudo com o toque do Morrison, claro, cheio de referências a lugares e personagens que nunca aparecem (mas servem pra te pôr no clima).

A ritmo das primeiras edições é meio confuso, e os quadros do desenhista não ajudam também, mas lá pela terceira edição as coisas se acertam e vão ficando cada vez mais intensas. O fim da história é mesmo bem empolgante.

Gostei da escolha desse Sean Murphy, o cara consegue captar a normalidade de uma casa suburbana e a bizarrice de um mundo de bonecos vivos, sem ficar com o traço forçado, em nenhum dos casos. (Parei pra ver que horas são, e perdi a linha do meu raciocínio, além disso, já escrevi pra caralho, então, ficamos por aqui. Não esqueçam de olhar para os dois lados antes de atravessar a rua, e escovar os dentes após cada refeição.)

sábado, 14 de maio de 2011

A Play Boy, de Chester Brown

Uma verdade cruel: A parte do nosso cérebro que lida com a necessidade da masturbação, surge ANTES dá parte que nos ensina a lidar com os sentimentos do ato em si.

Eu e o Chester não podemos ser os únicos. 



Me lembro como era terrível me sentir sujo e nojento depois de bater uma. Ainda bem que isso passou rápido e pude me tornar um saudável adolescente punheteiro, como todo o resto da humanidade. Mas é sobre essa fase conturbada de, "aceitação"e amadurecimento emocional que se foca "A Playboy".

É um trabalho muito intimista, e o cara sabe exprimir isso no traço, preto e branco, e montando uma história tão bem narrada que podia ser quase completamente entendida mesmo sem os diálogos. Aliás, diálogos, são poucos, na maior parte do tempo temos o próprio autor, "viajando no tempo", na forma de um pequeno diabrete alado, conversando com o leitor e falando com "o Chester do passado", que lida com alguns problemas que tenho certeza, todo adolescente passou ou vai passar. Como, comprar pornografia, e morrer de vergonha no processo; Andar por aí com uma revista e por um maldito acaso, encontrar um amigo no caminho. E o mais clássico e problemático: onde guardar a pornografia ?


eu sei, ele tem cara de pervertido


O Epílogo viaja ainda mais no estilo e nos maneirismos da histórias undergrounds, com momentos em que a história sai das páginas, acontece no mundo real e volta para as páginas. Como o diálogo que aconteceu com Chester e um amigo após a publicação do primeiro volume da hq (Aqui no Brasil a Conrad botou tudo num só encadernado maneiro e bem feito).

Como todos os bons autores, esse canadense transforma os quadrinhos em uma mídia capaz de entreter bem mais que só o público recorrente, de fãs de super-heróis. Sou capaz de dizer que "A Playboy", é uma leitura que agradaria aos adolescentes de hoje, bem mais do que a última edição do Homem-Aranha.

Até por que, se for pra ler quadrinhos de super-heróis, que seja algum da DC.

PS: E um agradecimento muito brega e especial pra minha querida namorada, que me emprestou a edição dela e me deu inspiração pra um primeiro post. (e vai postar aqui também)