terça-feira, 28 de maio de 2013

Midnight Nation - Povo da Meia-Noite


Eu não sou o maior fã do Straczynski, pra começar ele tem esse nome semi impronunciável e eu sempre preciso pesquisar em algum lugar só pra saber como escreve. Além disso, e mais importante, não considero ele realmente um bom escritor. Eu li o início de Poder Supremo, e na época eu achei o máximo, certo, talvez seja a obra prima dele; Mas eu acho Superman Earth One um tanto piegas, e aquela reformulação dele pra Mulher Maravilha foi uma porcaria incrível. Nem sei por que realmente dei uma chance pra essa hq em questão. Mas agora que eu dei essa chance pra ele, te digo, amigo leitor(a): Faça o mesmo.

David Grey e uma cabeça fantasma gigante
Nossa história começa com David Grey, um detetive da divisão de Homicídios, que, para sua surpresa, se vê envolvido em algo muito maior e mais sinistro que o simples assassinato de um traficante. Esse começo me lembrou boas histórias de investigação e horror, como Cicatrizes, do Warren Ellis ou o odiado Neonomicon, do Moore.

Só a partir da segunda edição a história começa "pra valer", quando David é transportado para um mundo muito parecido com o nosso, mas onde apenas os esquecidos habitam. É parecido com o Limbo, ou a Bruma de Lobisomem: O Apocalipse. A regra é simples: somente pessoas que foram esquecidas pela sociedade conseguem chegar lá, e não há saída depois disso. É um mundo decadente, onde todos carregam grandes perdas e arrependimentos do passado. Mas espere, fica pior.

O povo deste mundo vive sob a constante ameça dos "homem errantes", umas caras verdes com tribais, que raptam e devoram qualquer um em que conseguirem por as mãos. David descobre que teve sua alma tomada pelo líder dos errantes, e só podo recupera-la se entrar em uma grande jornada, onde uma mina chamada Laurel será sua guia. Eles tem um ano pra cruzar os Estados Metafísicos da América para chegar até Nova Iorque e confrontar o cara mau, antes que David se torne um errante.

David Grey numa roda punk com os errantes
Straczynski sou lidar bem com o clima subjetivo e quase onírico dessa dimensão que ele mesmo criou, é bom ver alguém além do Neil Gaiman conseguindo dominar esse artifício. A jornada dos personagens é claramente uma reflexão sobre quem eles são, e seus medos. A edição quatro em especial, é basicamente um conto fechado, não exatamente original, mas muito bem construído.

Este é o parágrafo pra eu me livrar dessa sensação de que eu nunca falo dos desenhistas. Demorei pra notar que os rabiscos eram do Gary Frank, que aqui, não é tão O GRANDE GARY FRANK. Não se foi o prazo ou oquê, mas algumas cenas ficaram um pouco sem sal. Na edição sete tem uma sequência de ação, envolvendo uma queda de cima de um prédio, e o nosso querido Gary nem se deu ao trabalho de desenhar um cenário decente. Tirando isso, ele ainda continua mandando muito bem nas expressões faciais.

No mais, apesar de um certo exagero nos monólogos do grande vilão, é uma história muito interessante, daquelas que realmente te botam pra pensar no que diabos você está fazendo nesse mundo. (Sério, faça algo bom, cara, não seja um idiota preconceituoso, ou um desses coitados que escrevem em blogs de quadrinhos).

"você só vai ficar olhando enquanto nossa revista pega fogo, cara ?"
A maior e mais bem-vinda surpresa fica pro final, com um texto do próprio Straczynski, sobre de onde veio a inspiração para a série. Ele também acaba por "abrir o coração", falando um pouco sobre a vida pessoal dele, e vale a lida, mesmo pra quem não quer conhecer a série.

O link tá aí, cortesia dos manos do Ndrangheta. Uma salva de palmas pra eles, esses, como diria o menino Jair: Heróis da resistência.

[DOWNLOAD]

Oh, não! A cabeça fantasma gigante outra vez!

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