sexta-feira, 12 de julho de 2013

Constantine (01-04)


Quão errada poderia ser a ideia de cancelar uma revista com mais de vinte anos de publicação, para relançar o personagem do título em uma versão mais leve e acessível para os novos leitores ? Talvez funcionasse com muitas revistas, mas não com Hellblazer. Destruir um dos pilares da Vertigo, para rejuvenescer e diluir as histórias de John Constantine foi a pior decisão que a DC já teve, desde "Cavaleiro das Trevas 2".

magia sutil

(Esse não vai ser um texto parcial)

A nova revista se chama "Constantine", como a adaptação tosca do cinema, com o Keanu Reeves fingindo (faltou algum esforço pra chamar aquilo de "atuação") que é, o mago do proletariado, John Constantine. Assim como o título, a revista parece que herdou outras características detestáveis do filme; Na trama do primeiro arco, Constantine tenta impedir que o Culto da Chama Negra se apodere de um poderoso artefato (de poderes vagos) chamado Bússola de Croydon. O Culto já foi usado como antagonista em algumas histórias da Liga da Justiça Dark, são personagens totalmente genéricos, como os "bonecos de massa" dos Power Rangers, só estão lá pra saciar a necessidade de ação da história. "Ação" que nessa revista se resume a rajadas de magia luminosa e feitiços toscos nível Harry Potter.


Na primeira edição Sargon, o feiticeiro, sai de algum baú empoeirado da DC pra atormentar Constantine; Na verdade, não é o Sargon que nós todos (não) conhecemos e amamos, e sim a filha dele, uma jovem com jeito de indiana, que deve ter o super poder de reter em seu corpo, todos os piores modismos dos anos 90: Olhos vermelhos, tatuagens tribais, pedrinha indiana no meio da testa, e o pior de todos, piercing no nariz com correntinha ligando até o brinco (sim, igual ao cara do Skid Row). Essa visão não é só cafona, ela é um exemplo claro dos exageros ridículos que a editora usa em qualquer personagem, pra tornar ele mais chamativos pra a geração Velozes e Furiosos. Hellblazer tinha um clima moderno e descolado sem precisar apelar pra nenhum visual rocambólico.

Continuando o desfile de reformulações desnecessárias, na segunda edição encontramos o novo Mister E. Não vi motivos pra mudarem o visual dele, mas, depois daquela rajada de falta de imaginação que foi a Sargon, ele parece bem aceitável. Exceto isso, o resto da edição e só ele sendo tapeado pelo Constantine.

A edição que fecha o arco, é um pouco melhor, apesar de trazer uma das desculpas mais esfarrapadas que eu já vi na vida. Sargon cria uma maldição que faz com que toda Londres brinque de "Premonição" com o pobre JC; Por onde ele anda, carros desgovernados quase passam por cima dele, janelas despencam de prédios, prontas para o esmagar, o próprio ar da cidade parece ser o suficiente para matar. A sequencia não tem nada de mais, o que me deixa irritado é que isso parece ter sido usado somente pra afastar o personagem da cidade de Londres; Como vocês sabem, a maior parte dos leitores de quadrinhos são americanos, e os americanos parecem ter  problemas em digerir uma história que não se passa dentro do país deles.


A quarta edição, nos trás pistas muito sutis sobre o passado do Constantine, como no diálogo com uma simpática velhinha que diz "meu marido era um grande ladrão, e te ensinou tudo que ele sabia". Zatanna dá as caras, e claro, que agora na sua nova e quentíssima versão 5.2, ela está coberta de tatuagens tribais. Pra finalizar, nosso bastardo favorito passa a perna na gangue do Papa Midnite, que agora parece menos com um xamã vodu, e mais com Jorge Lafond usando uma fantasia de carnaval. E se você quer saber se ele também tem um monte de tatuagens, a resposta é: SIM.

Eu acredito que o Lemire tenha dado o melhor dele para escrever boas histórias, meu problema não é com ele. Meu problema é com a DC, que está desvalorizando um personagem tão fantástico, colocando ele em um ambiente insípido, numa espécie zoa de conforto para leitores preguiçosos.

Edição 01
Edição 02
Edição 03
Edição 04

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